Despedida de nós mesmos
Cada dia, cada situação, cada fase nova da vida que surge, nos convida a nos despedirmos do que fomos.
Ahhhhhh! Mas, como é difícil o aprendizado da despedida de nós mesmos.
E por que precisamos nos desperdir de determinadas fases de nossas vidas???
Aquela criança que um dia fomos, ainda brinca dentro de nós. Porque abandoná-la??
Sintomas de felicidade que nunca deixaremos de sentir, e que foi sentida na pureza da infância.
Há quem leve a vida muito a sério e nunca se dê conta disto: o que somos é só um estágio. O que fomos já não somos mais, ficou para trás, mas nos trouxe presentes que guardamos num lugar especial chamado memória. O primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira festa, a primeira saída sem os pais, a conquista devagar de nossa independência.
Eu, guardando tantas lembranças inesquecíveis, recuso-me a me despedir daquela pessoa “criança” que acreditava em tesouro de pirata enterrado no quintal, que acreditava em Papai Noel, em Fada do Dente, em pote de ouro no final do arco-íris, em surpresas...
Quero e vou continuar pela vida afora procurando incansavelmente o valioso tesouro da felicidade, ainda que em pequenos prazeres: um coçar de ouvido, alguém mexendo nos meus cabelos, a observação das pequenas coisas que me cercam, a música que embala meus dias, as leituras prazerosas que me levam distante, as aventuras de sair sem destino....
A vida ganha mais leveza, pureza...
Imaturo pensar assim? Talvez, mas que triste é a maturidade, quando nela só encontramos o peso da responsabilidade e as amarras dos compromissos.