Nossas pequenas mortes
Se depois de ler esse texto você achar que ainda está vivo, ótimo!
Ainda existe algum sopro de vida aí dentro de você? Ou você já morreu?
A minha primeira morte aconteceu quando acreditei que existiam vidas
mais importantes e preciosas do que a minha. O mais estranho é que eu chamava
isso de humildade. Nunca pensei na possibilidade do auto abandono.
Morri mais um pouquinho no dia em que acreditei em vida ideal, estável,
segura e confortável. Passei a não saber lidar com as mudanças. Elas me aterrorizavam.
Depois vieram outras mortes. Recordo-me que comecei a perder gotículas
de vida diária, desde que passei a consultar os meus medos ao invés do meu coração.
Morri no dia em que meus lábios disseram, não. Enquanto o meu coração gritava, sim!
Morri no dia em que abandonei um
projeto pela metade por pura falta de disciplina. Morri no dia em que me
entreguei à preguiça. No dia em que decidi ser ignorante, cruel,
egoísta e desumana comigo mesma. Você pensa que não decide essas coisas?
Lamento. A gente decide sim! sempre que você troca uma vida
saudável por vícios, sedentarismo, drogas e alienação intelectual, emocional,
espiritual, cultural ou financeira, você está fazendo uma escolha entre viver e morrer.
Morri no dia em que decidi ficar em um relacionamento ruim, troquei amor por amargura.
Morri outra vez, no dia em que abri mão dos meus sonhos por um suposto amor.
Vivi um relacionamento de posse e ciúme.
Morri no dia em que permiti críticas cruéis sobre minha pessoa.
Morri no dia em que fiquei cega para a beleza da singularidade humana.
Morri no dia em que troquei o hoje pelo amanhã.
Quer saber o mais estranho? O amanhã não chegou. Ficou vazio… Sem história, sem cor.
Não morri de causas naturais. Fui
assassinada todos os dias. As razões desses abandonos foram uma sucessão
de desculpas e equívocos. Mas ainda assim foram decisões.
E a partir de tudo isso, renasci!!