O tempo

“O tempo?

Precisamos fazer dele nosso animal de estimação,

ou ele nos devora.” - (Lya Luft)
Quem consegue iludir ou tentar enganar o tempo?? Quem consegue?

Tentar parar o tempo, ou tentar organizá-lo dentro de nossas vontades, é perder a chance de ser quem realmente somos em cada fase ou em cada ciclo de vida pelo qual passamos.

A única coisa que acontece se tentarmos agir contra o tempo é que estaremos sacrificando o caminho percorrido, a experiência, a vivência e, sobretudo, a própria existência, pois somos a interminável soma de nós mesmos em cada instante.

Eu não gostaria de ser lembrada um dia como uma jovem senhora, pois isso significaria meu fim no meio de minha caminhada. Prefiro me tornar uma senhora jovem, diante da renovação constante e intensa do meu estado de espírito e da aceitação das minhas inúmeras limitações.

Sei que posso ser uma das poucas pessoas que reluta contra uma educação que tenta incutir nos jovens a ideia de sucesso, em vez da ideia de felicidade. O de sobrepor uma agradável posição social ao de estar bem consigo mesmo e com o mundo.

Recuso-me a seguir a maioria que se deixa levar pelos anúncios que dizem que devemos “ter” aquilo ou aquele outro, onde a felicidade está relacionada apenas ao ter.

Quem poderia ser o nosso melhor professor do que o tempo, que nos ensina o valor dos gestos que temos? Só o tempo que nos faz perceber o valor de uma boa solidão compartilhada com a simplicidade, conosco mesmo ou ao lado de pessoas que realmente nos propiciam exatamente aquilo que precisamos.

O tempo é um algo mágico. Com uma mão ele segura a cartola, com a outra nos convida a sair da plateia como um real show de magia nos colocando, querendo ou não, a participar do show da vida, tirando de sua cartola a felicidade ou a tristeza... e assim, como um passe de mágica, faz desaparecer, só para nos mostrar que qualquer uma das situações que possamos estar vivendo, são passageiras.

Papo de alguém que está a um passo da velhice?

Não, absolutamente!

Trata-se tão somente da aceitação do que nós realmente somos diante do tempo: amigos ou inimigos dele?

Estamos numa época bem propicia para sabermos exatamente o que vamos fazer e esperar do tempo, já que estamos entrando num próximo ano, em um novo ciclo e com certeza, numa nova fase.