Tempo x Qualidade de Vida
Hoje mais uma vez, me chamou atenção a "correria" das pessoas na atividade profissional, no trânsito, caminhando pelas calçadas.
Parei, instantaneamente, frente a esta minha observação, para me auto-analisar e fiz uma pergunta a mim mesma: - Eu estou em marcha lenta, já pensando diferente para conseguir viver evitando acúmulos de atividades e redirecioná-las de tal forma à conseguir opter um pouco de qualidade de vida?
Fiquei lembrando do tempo que não tínhamos tantas atividades e de que forma vivíamos.
Pensei em quando éramos criança e víamos e sentíamos o tempo como algo cíclico, algo que se repetia periodicamente e de forma certa. Ele girava em torno das “grandes datas do ano”, como o Páscoa, Dia das Crianças, Natal ou o nosso aniversário. Uma hora estávamos muito longe dessas datas e depois, sem percebermos, estávamos bem perto.
Mais tarde, passamos a viver o tempo de forma linear, cronológica. O círculo em torno das “grandes datas” se rompeu e o nosso ano passou a ter começo, meio e fim.
Com isso, passamos a medir o tempo como quantidade, e entender que ele é limitado. Mas ainda éramos jovens, então esse limite ainda era uma coisa muito distante.
De repente, ficamos mais velhos e, incrível!, o tempo foi passando cada vez mais depressa. Conscientemente ou não, começamos a ter mais noção da escassez do tempo, o tal “limite” foi ficando mais evidente.
Aí começamos a lutar contra o tempo. Passamos a fazer cada vez mais coisas e mais rápido, espremer mais atividades na vida e viver o mais depressa possível, “economizar” tempo de toda forma para realizarmos todas nossas atividades. Nos jogarmos de um lado para o outro só para realizarmos essas atividades.
Infelizmente, de nada adianta, porque, como dizia Cazuza, "o tempo não pára".
E quando paramos para fazer contas e calcular o nosso saldo de vida, nos damos conta de que, ainda que vivamos muito, mas muito mesmo, o fim chegará.
Mas, se tivermos embarcado em nossa jornada em busca de nós mesmos, começaremos a perceber que não devemos medir o tempo em quantidade, mas sim em qualidade. Que temos que organizar nosso tempo de forma a conseguir realizar as atividades mas também, e tão importante quanto, deixar um tempo disponível para as coisas que nos tragam paz, tranquilidade, equiílibrio, prazer.
Só importa a intensidade do que vivemos, a profundidade do que é vivido. As múltiplas atividades que nos sujeitamos realizar podem sim, ser deixadas um pouco de lado. Reestruturadas ou dividas quem sabe, em tempos mais curtos. Nos permitindo deixar tempo para vivermos os "prazeres" que a vida nos oferece. Tudo é questão de querermos muito, pois no momento que queremos mesmo, faremos escolhas de prioridades/necessidades e traçaremos maneiras para conseguirmos viver sem essa "sangria desatada" de realizar tudo, respirar e nos lançarmos a uma vida plena, realizando todas nossas coisas de forma mais suave, mas vivendo com qualidade.