Um santo remédio: o silêncio
Ontem, ao final de meu dia, refletindo sobre as coisas que aconteceram, sobre os momentos que eu vivi, sobre as pessoas com quem conversei, sobre as tarefas que eu realizei cheguei à conclusão de que estou cansada!
Cansada de ouvir, de sentir e ver.
Agora quero e necessito apenas de um coisa: silêncio!
Necessito entrar em mim, descobrir afinal o que perdi, porque não tenho mais o brilho dos meus olhos que eram intensos, o sorriso em meus lábios que se tornou menos presente e a vontade de compartilhar minha vida com as pessoas.
Decidi que é hora de entrar na minha mente, no meu coração. Necessito apenas do silêncio e da ausência de tudo aquilo que neste momento me perturba e me incomoda, tirando minha energia.
Decidi que prefiro o silêncio que aproxima, daquelas palavras que afastam e magoam.
Com o meu silêncio estarei dizendo (porque silêncio também fala): "- Agora, quero fechar os olhos e esquecer do resto e dos outros. Talvez mais tarde, eu volte a pensar e sentir que é hora de atender e entender quem me rodeia. Mas agora eu não quero!
Dizer que estou triste, ou magoada, seria errado pois não é a verdade. Talvez as pessoas que me rodeiam não me compreenderiam pois poderiam pensar que estou sendo ingrata, reclamona, fazendo papel de vítima ou sei lá mais o que. Mas que pensariam tudo sem saber o que na real está acontecendo, lá isso pensariam. Pois é exatamente isso que fazem!
Em certos momentos fico cansada de andar na luta, de ouvir os gritos, de ouvir a confusão, de sentir um exagero de emoções, de viver ao fim de contas, algo que não me pertence.
De ver e conviver com humanos que não valorizam o outro, procurando nos outros falhas e algo que possam dizer, criticar, julgar ou contar.
Quero entrar por um tempo, não sei o tempo que será, no interior da mulher que continua a ser a menina que muitos tentam fazer crescer a todo custo, a toda a força.
Agora quero simplesmente saborear cada momento da minha vida com tranquilidade e paz, longe de olhares e pensamentos que possam interferir naquilo que tanto tempo demorei a construir ou desejei para mim, pois o que é mais comum, as pessoas decidirem por ti e acabarem te afastando daquilo de real que querias realmente viver.
Tenho tanto guardado em mim, tenho tanto do que já vivi e renasci, que preciso deste tempo só comigo, para voltar a sentir e depois, consequentemente, dar aos meus olhos o brilho que possuíam, o sorriso que contagia e a energia renovada e inspiradora.
O meu silêncio até poderá esconder o meu lado positivo, mas achem o que quiser disso tudo!
Mas esta é uma alternativa que encontro para o meu "eu" uma vez mais se encontrar já que acredito que se perdeu por aí...
Sabem de uma coisa? Para mim é fácil exprimir na maioria das vezes o que sinto e penso oralmente, mas os meus pensamentos tem uma profundidade tal que ao expor eles para outras pessoas, eles perdem a sua essência, a sua verdade, pois as pessoas não os compreendem ou não os valorizam.
Assim, decidi fazer uma coisa: escrever. Pois quando escrevo posso chorar, posso desabafar, posso ser eu mesma, posso me libertar e poucos vão saber, porque nem todos lerão. E os que lerem, poderão me compreender, pois com certeza não sou a única que passa por situações de altos e baixos emocionais. E desta forma, me livrarei dos que me julgam por determinados comportamentos meus.
Serei difícil de entender? Talvez! Mas é por isso que tanto gostarei do meu silêncio.
Não quero mais me entregar a debates fúteis para ver quem tem razão, porque sinceramente muitas vezes a razão está de ambos os lados e é perdida mutuamente pelas vozes que se alteram.
Silêncio... Nele vou pensar, encontrar minhas respostas, contemplar o belo, olhar os detalhes, valorizar apenas aquelas relações que me valorizam exatamente e que me acrescentam e sentir do jeito que sempre gostei de sentir e desejar: com intensidade!
Quando escrevo ou escreverei não necessitarei ter de falar e desabafar com quem não me entende, com quem não sente o mesmo que eu, pois nesta vida nada para mim é pior do que esbarrar em paredes de incompreensão que apenas se preocupam com o seu próprio umbigo. Estarei escrevendo e isso já me bastará.
Eu respeito a minha vida, valorizo o meu dia, amo as pessoas que fazem parte de meus dias e dão cor a minha vida. Sei que múltiplas qualidades tenho! Sei dos defeitos que tenho e que necessitam ser extintos para que a minha perfeição mesmo que imperfeita faça de mim um ser melhor do que fui ontem! Só não quero mais, determinadas situações, sensações, desrespeito, menosprezo, indiferença e desvalorização. Estou fugindo de tudo isso, através de meu silêncio!